História da música.

História da música é o estudo das origens e evolução da música ao longo do tempo. Como disciplina histórica insere-se na história da arte e no estudo da evolução cultural dos povos. Como disciplina musical, normalmente é uma divisão da musicologia e da teoria musical. Seu estudo, como qualquer área da história é trabalho dos historiadores, porém também é freqüentemente realizado pelos musicólogos. Este termo está popularmente associado à história da música erudita ocidental e freqüentemente afirma-se que a história da música se origina na música da Grécia antiga e se desenvolve através de movimentos artísticos associados às grandes eras artísticas de tradição européia (como a era medieval, renascimento, barroco, classicismo, etc.). Este conceito, no entanto é equivocado, pois essa é apenas a história da música no ocidente. A disciplina, no entanto, estuda o desenvolvimento da música em todas as épocas e civilizações, pois a música é um fenômeno que perpassa toda a humanidade, em todo o globo, desde a pré-história. Em 1957 Marius Schneider escreveu: “Até poucas décadas atrás o termo ‘história da música’ significava meramente a história da música erudita européia. Foi apenas gradualmente que o escopo da música foi estendido para incluir a fundação indispensável da música não européia e finalmente da música pré-histórica." Há, portanto, tantas histórias da música quanto há culturas no mundo e todas as suas vertentes têm desdobramentos e subdivisões. Podemos assim falar da história da música do ocidente, mas também podemos desdobrá-la na história da música erudita do ocidente, história da música popular do ocidente, história da música do Brasil, História do samba, história do fado e assim sucessivamente.

terça-feira, 17 de julho de 2007

U2 NO BRASIL l: SÃO PAULO

U2 OS MELHORES CANTORES DO MUNDO


Durante mais de um mês os fãs do U2 penaram. Mas o dia da recompensa finalmente chegou com so dois shows que certamente ficarão na memória de quem esteve no Morumbi nos dias 20 e 21. O Vaga-lume conferiu o show da última terça-feira e conta tudinho aqui.
Alexandre Schneider/UOL




Madrugada de terça para quarta, o Morumbi apinhado de gente querendo sair de qualquer jeito de lá e no final das contas uma grande certeza fica na nossa cabeça: se você é um fiel dessa religião chamada U2 é bom saber que as penitências estão em maior número que os momentos de êxtase e que o dízimo a ser pago costuma ser alto.
Folha Imagem


Ainda bem que esses momentos acabam compensando todo o calvário pelo qual o pessoal foi submetido. Creio não ser necessário lembrar em detalhes das brigas por ingressos, dos cambistas, das cotas de convites para os patrocinadores etc, etc, etc. Depois disso tudo, só o fato do pessoal ter conseguido entrar no estádio sem atropelos já mereceu comemoração.


FRANZ FERDINANDTiago Queiroz/AE




Às 8 em ponto os escoceses do Franz Ferdinand abriram a noite. Ser banda de abertura é sempre algo complicado, mais ainda se ela toca antes de uma atração muito aguardada e não tem um arsenal de sucessos para segurar a platéia. Com esse retrospecto todo dá para se dizer que a apresentação deles foi um sucesso, apesar do som sem volume demais que deixou as composições funkeadas do grupo sem o peso necessário.

A banda de Alex Kapranos fez um show enxuto e divertido. Mandaram músicas dos seus dois (bons) álbuns, levantaram o público nos semi-hits "Do You Want To" e "Take Me Out", agradeceram em português e fez o público bater palminha. No final tinha bastante gente perguntando sobre quem eram eles (um casal mais velho que estava ao meu lado, acabou fazendo a ponte certa ao compará-los aos Talking Heads e seu funk cerebral de branco).

U2Mais uma meia hora de espera e ao som de "Wake Up" do Arcade Fire (prova que os irlandeses estão antenados ao melhor rock feito atualmente) as luzes se apagam. A partir daí o ques e viu foi uma banda segura de si que está acostumada a tocar para multidões. O show não diferiu muito da apresentação feita no dia anterior e nem do DVD recém-lançado. A banda começa com "City Of Blinding Lights" e emenda com "Vertigo" e "Elevation". Nessa hora o maior temor dos fãs se mostrava real: o som estava baixo demais (só foi melhorar mais para frente) o que deixava o povo ouvindo mais a sua própria voz que a do Bono, que, ainda assim, mostrou porque é um dos maiores front men da história. Ele sempre busca se comunicar com o público, arrisca frases em português ("Ontem tocamos para o Brasil inteiro, hoje essa é nossa festinha particular"), chama pessoas da platéia para o palco (até improvisou "Desire" para uma garota chamada... Desiré), anda bastante nas passarelas laterais e, claro, as vezes esbarra na demagogia (...mas sem perder a ironia jamais, como quando mostra para o telão uma camiseta com os dizeres: "Bono para Presidente").
Alexandre Schneider/UOL




Mesmo assim fica difícil não sentir um nó na garganta ao ver a declaração dos direitos humanos na tela, ou os apelos pelo fim da pobreza. Ao mesmo tempo não deu para esconder uma certa tristeza - e mesmo amargor - quando o vocalista falou (com legendas no telão) que assim como a Irlanda um novo Brasil estava nascendo, quando na verdade o sentimento geral por ali era mais a de morte prematura mesmo (o que leva a pensar que talvez esse show devesse ter acontecido há uns quatro anos). O espetáculo acabou frustrando um pouco apenas quem esperava por mais improvisos ou canções menos usuais. Ao contrário dos shows norte-americanos, o grupo deixou de fora as músicas do primeiro álbum Boy e preferiu repetir "Miss Sarajevo" ao invés de arriscar "Bad" ou "Running To Stand Still". Eles também deixaram de lado "Original Of The Species", "All Because Of You" e "Stuck In A Moment" e as substituíram por "The First Time", "Yahweh" e "All I Want Is You", que encerrou o concerto no lugar de "40".

Tirando isso os grandes momentos foram os de catarse coletiva, ou seja, os velhos sucessos "Sunday, Bloody Sunday", "Pride (In the Name of Love)", "With Or Without You" e, especialmente, "Where The Streets Have No Name" e "One", com muito marmanjo derramando lágrimas sem vergonha nenhuma.
Alexandre Schneider/UOL




E assim se foi. Ao final de mais de duas horas, as luzes e acenderam e todo mundo se esqueceu das 16 horas passadas em filas, das outras tantas penduradas ao telefone, da água cara (a não ser que você quisesse arriscar os saquinhos jogados pela produção com os dizeres: "essa água tem a mesma qualidade da que sai da sua torneira"), do merchandising com preço extorsivo (um chaveiro oficial custava R$25,00, uma camiseta R$60,00), do estacionamento caro, do palco baixo que não facilitava a vida de qualquer pessoa com menos de 1,70 e voltaram com um sorriso para casa. Tirando aquela meia dúzia que preferiu dizer que os shows de 98 foram melhores...

Erasmo Carlos

"...eu gosto muito quando regravam músicas minhas. Eu nem me importo que pensem que ela é do cara.", Erasmo Carlos.



Se existe um artista brasileiro que merece os maiores adjetivos ele se chama Erasmo Carlos. Sua importância nunca pode ser resumida à parceria mais que vencedora com Roberto Carlos. Erasmo Carlos é o nosso maior roqueiro vivo (seu único concorrente, Raul Seixas, não está mais entre nós), ousou bastante especialmente a partir dos anos 70 em discos como Carlos, Erasmo (que tinha uma música de apologia a uma certa erva com o sugestivo nome de... Maria Joana), Sonhos e Memórias e a banda dos Contentes e ao contrário de seu parceiro mais famoso que como todo bom rei vive mais isolado, sempre deu a cara a tapa. Na primeira metade dos anos 80 Erasmo Carlos se tornou cantor pop de sucesso e vendeu milhares de cópias de discos como Mulher (sexo Frágil), Amar Pra Viver Ou Morrer De Amor e Buraco negro. Depois dessa fase ele se retraiu, gravou menos do que deveria, mas sempre manteve a parceria com Roberto Carlos.
Site Oficial



Erasmo Carlos
Talvez a chave para se entender melhor Erasmo Carlos como pessoa e artista seja o projeto "Erasmo Convida". O volume 1 foi lançado em 1980 e trazia o cantor e compositor ao lado de Tim Maia, Jorge Ben, Rita Lee, Nara Leão, Roberto Carlos, Maria Bethânia, Caetano Veloso, Gilberto Gil e outros mais. Ali ficava claro como as músicas da dupla eram abrangentes, adaptando-se aos mais diversos intérpretes e principalmente se comprovava além do prestígio, o carinho que toda a MPB nutria pelo Tremendão. Esse carinho pôde ser renovado agora em 2007 quando finalmente Erasmo Carlos Convida volume 2 foi lançado. Dessa vez temos Erasmo cantando com ídolos de juventude (Os Cariocas), colegas de geração de primeira grandeza que ficaram de fora do volume 1 (Chico Buarque e Milton Nascimento) e outros que na época ainda estavam despontando (Djavan e Simone). Some aí seus herdeiros dos anos 80 (Lulu Santos, Kid Abelha) e 90 (Skank e Los Hermanos - cuja Sábado Morto pode ficar como o último registro do quarteto) além de Marisa Monte, Adriana Calcanhotto e Zeca Pagodinho e o resultado é um disco que não perde em nada para o volume 1 e ainda ajuda a colocar Erasmo Carlos na mídia pelo que interessa: a sua música.

Há tempos estávamos querendo falar com o Tremendão e quis o destino que o papo rolasse num dia 5 de junho, quando o "nosso amigo" completava 66 anos. O resultado está logo aí embaixo.


Entrevista
Porque o Erasmo Convida volume 2 demorou tanto para sair? Há tempos que te pediam um novo volume não?


Erasmo Carlos
Desde que eu gravei o primeiro pediam para eu fazer o segundo. Mas eu sempre falava pra deixar rolar, porque a idéia nunca foi a de fazer alguma coisa oportunista, pra faturar em cima. Tanto que nem show especial a gente vai fazer. Ele é só um projeto feito pelo prazer de juntar todo esse pessoal. Já que se você juntar os dois volumes ali estão representados alguns dos maiores artistas do século dentro da nossa música. Mas como eu te disse, apesar da cobrança eu fui deixando o tempo passar, até que há uns 5 anos eu encontrei o Lulu Santos no aeroporto e disse pra ele que estava pensando em retomar o projeto do "Erasmo Convida". Ele na hora disse que estava dentro, que iria fazer o Coqueiro Verde e que o arranjo já estava na sua cabeça.




Você disse numa entrevista que para fazer o primeiro Erasmo Convida simplesmente pegou o telefone e chamou o pessoal. Foi assim dessa vez também?

Dessa vez tiveram alguns critérios de escolha. Antes de tudo fomos atrás dos que teoricamente não participaram do primeiro volume, que foi o caso do Chico Buarque, Simone, Milton Nascimento, Os Cariocas... que são pessoas que eu amo e não puderam por alguma razão estar naquele disco. Outro critério foi o de não repetir nem convidados e nem músicas para evitar comparações. Também fomos atrás de pessoas com as quais eu já tinha afinidade, como o Kid Abelha e o Skank que já tinham gravado músicas minhas. Eu já tinha gravado com a Adriana Calcanhotto, e composto com a Marisa Monte. O Marcelo Camelo dos Los Hermanos também já tinha feito uma música comigo que entrou no filme "O casamento de Romeu e Julieta".

Os arranjos partiram dos convidados?


Erasmo Carlos

Nesse projeto eu nunca ponho a mão no arranjo. Eu deixo rolar o que o convidado sente porque se eu for botar a minha mão, vou acabar escravo da gravação original. Tanto que às vezes eu me assustei ao ver a maneira que alguns enxergam a música (risos), mas tudo bem, eu tô dentro.

Cada artista escolheu a música que quis?

Alguns trouxeram, para outros eu dei algumas sugestões. Os Los Hermanos por exemplo escolheram o Sábado Morto e o Chico Buarque foi quem chegou com Olha. Já o Cama e Mesa fui eu que sugeri pro Zeca Pagodinho assim como Emoções que escolhi porque queria ouvi-la com o Milton Nascimento. A Simone já estava cantando Vou Ficar Nu pra chamar sua atenção nos shows dela e a escolha foi natural. E assim foi indo.

Você pensa em fazer um terceiro volume algum dia?

Bicho, quando eu tiver uns 150 anos (risos). Eu acho que aí sim seria muito oportunismo da minha parte. Eu não vou dizer que nunca vou fazer mas talvez eu faça de um outro jeito talvez com o Erasmo Carlos só de compositor e não cantando.

Hoje em dia os seus discos passam por grande reavaliação e percebe-se que os mais jovens têm um grande respeito pela sua obra e seus discos. Queria que você falasse um pouco sobre esse momento e como se sente quando um músico ou fã mais jovem diz adorar um discos feitos há mais de 30 anos como Carlos, Erasmo ou Sonhos e Memórias.

Erasmo Carlos
Eu fico feliz e é um motivo de reflexão. Pô, quantas músicas são feitas todos os dias e nesse turbilhão de coisas, um monte de canções que a gente faz vão ficando para trás sem nunca serem descobertas. Os clássicos para se tornarem clássicos de fato dependem muito das regravações. Por isso eu gosto muito quando regravam músicas minhas. Eu nem me importo que pensem que ela é do cara (risos). O Léo Jaime fez muito sucesso com Gatinha Manhosa fim dos anos 80 e ele falou pra mim que o pessoal chegava e dizia: "Pô Léo, bacana essa sua música" e ele respondia "Essa música é do Erasmo Carlos e do Roberto Carlos pô" (risos), mas eu não me importo com isso não.

Por falar no Carlos, Erasmo (nota - o disco de 1971 considerado pela crítica o seu melhor trabalho) fale um pouco desse trabalho para a gente. Algo que chama a atenção é a relação dos músicos que tocam nele...

Pô ali estão quase todos os Mutantes, o (guitarrista) Lanny Gordin, o Taiguara toca piano no disco e não está com o nome na ficha. Teve a Caribean Steel Band e foi muito legal gravar com tambores de lata. O estúdio ficava uma festa com esse pessoal todo.

Nós conferimos o seu show com o "Clube do Balanço" na Virada cultural. Como é subir ao palco com esse pessoal mais novo?

Eu adoro tocar com o Clube do Balanço, quando eu subo no palco com eles eu fico transtornado e me torno apenas mais um integrante do grupo. É legal que na minha carreira agora eu tenho várias facetas. Eu faço shows de Jovem Guarda com os meus amigos daquela época. Então lá eu sou Jovem-Guarda. Com o Clube do Balanço e a Orquestra Imperial eu sou sambista. E tenho a minha vida própria onde me mantenho atual.


Você pretende cair na estrada agora? Existe a vontade de fazer ao vivo o repertório do novo disco com alguns convidados

Erasmo Carlos
Show em cima desse disco eu não vou fazer, primeiro porque eu não vou poder contar com a presença dos outros artistas. Claro que algumas músicas estão entrando no repertório dos shows, como Olha que está sendo pedida. Mas fazer um show em cima do "Erasmo Convida", botando, sei lá, os convidados num telão iria ser uma coisa ridícula e oportunista.

E a biografia do Roberto Carlos. Você chegou a ler o livro? Queria comentar algo a respeito?

Eu não li. Aliás não estou lendo nada que fale sobre mim e sobre a época, porque estou escrevendo o meu livro há um ano e meio e devo demorar ainda mais um ano até acabar. Depois disso só é que eu vou ler.

Nem o livro do Pedro Alexandre Sanches você leu? (nota - o jornalista escreveu "Como dois e dois são cinco" analisando a obra musical de Roberto e Erasmo e é o responsável pelo release do novo cd de Erasmo Carlos).

Pô, ele é meu amigo, até me cobra a leitura (risos). Meus filhos até me contam o que os livros contam, mas eu mesmo não li. Mas eu falo muito. Eu dei entrevista pro Nelson Motta pro livro dele "Noites Tropicais", contei histórias minhas, sobre o Tim Maia, do próprio Roberto Carlos... Também falei com o Pedro Alexandre... mas com esse rapaz do livro do Roberto (Paulo Cesar de Araújo) eu não falei. Ele veio uma vez aqui em casa com uma equipe de faculdade para me entrevistar e usou esses depoimentos. Agora falar especificamente para o livro dele eu não falei.


Você costuma dizer que sua amizade com o Roberto dura porque vocês se encontram só para trabalhar e no máximo se telefonam nos aniversários. Bom, o Roberto já te ligou hoje (risos)?Desde o último disco dele vocês já se reuniram para escrever novas músicas?


Hoje em dia tanto você como ele têm uma agenda menos apertada. Como era nos anos 70 conciliar a agenda dele com a sua? Vocês compunham músicas tanto para os discos seus quanto os dele ao mesmo tempo?

Não tinha complicação não, era só marcar o dia e a hora. Separávamos na agenda alguns dias do mês tal e nos encontrávamos. A gente já vinha com as idéias na cabeça, as coisas anotadas e era só desenvolver.

A gente já sabe que vocês foram uma parceria de fato (diferente de Lennon e McCartney que muitas vezes compunham sozinhos mas assinavam em dupla). Queria saber então como essa parceria funciona. Tem alguma coisa que você consiga fazer mais facilmente do que o Roberto e vice-versa?

Pô bicho você quer tirar as coisas do meu livro, aí ninguém vai querer ler ele quando sair (risos).

Vocês costumavam gravar fitas demo das músicas que faziam? Queria saber como funciona o processo que vai do fim da composição até ela aparecer gravada. Você ouve os arranjos antes?

Sim claro, nós temos uma parceria normal, como todas as outras, profissional pra caramba, mas normal, gravamos fitas e fazemos anotações. Com arranjo a gente não se mete. Assim que a composição acaba ela vai pro estúdio e aí cada um sabe o seu caminho. O resultado final mesmo só ouvimos quando o disco sai.

Aliás vocês nunca tiveram a vontade de gravar um disco todo juntos? (e fazer um show nesses moldes?)

Erasmo Carlos
Olha, não sei, não dá, tem coisa de gravadora aí... mas nunca pintou essa idéia. Nós já gravamos uma ou outra música juntos, mas foi isso. E nem é o caso de ter. Eu não sou cantor, sou compositor. Pô eu vou fazer o que no disco dele? O Roberto Carlos canta pra cacete (risos) eu vou é atrapalhar o disco. Nesses discos que eu gravo com outras pessoas, o tom é sempre um problema. Cantar com a Adriana Calcanhotto foi complicado, porque o tom dela é muito alto. O da Paula Toller também. No outro volume foi o mesmo problema pra cantar com a Maria Bethânia.


No seu site você diz que um de seus defeitos é ser centralizador. Como é que você consegue trabalhar tão harmonicamente com o Roberto que também é centralizador por natureza?

Aí eu não me meto com ele e nem ele se mete comigo. A gente chuta a bola, deixa o jogo seguir e depois volta pra casa...


Você acompanha ainda o que seus colegas de geração andam fazendo? Ouviu os mais recentes de Caetano, Bob Dylan ou Paul McCartney?

Eu dou umas ouvidas né? Eu estou olhando aqui para a pilha de discos que eu tenho pra ouvir, se eu for escutar tudo isso eu vou passar o resto da minha vida ouvindo disco (risos). É muita coisa, são as bandas novas que mandam coisas para mim, os discos novos dos meus contemporâneos e tenho ainda que achar tempo para ouvir as músicas que eu gosto né? Mas alguns grupos me chamam a atenção, como o Luxúria, o Cachorro Grande e o Mombojó.

Como é ser empresariado pelo próprio filho?

Eu tenho três filhos: um é baterista, o outro é cantor e o Léo toma conta dos negócios, porque alguém tem que trabalhar né (risos)? Ele cuida da minha editora musical e agora também estamos lançando alguns cds e dvds pelo nosso selo, o "Coqueiro Verde Records".

Entre as músicas suas que mais buscam no Vaga-lume estão "Mulher" e "Sentado à beira do caminho". Fale um pouco sobre essas canções e da importância delas para você.

Mulher (sexo Frágil) é uma música legal pra caramba que eu fiz com a Narinha (a sua então esposa). Ela fez uns versos num desabafo e eu gostei deles, aí eu os desenvolvi e fiz a música. E o Sentado à Beira Do Caminho é o meu maior sucesso. Eu tenho que cantá-la em todos os shows senão o o pessoal fica bravo. E ela vem se revelando como a música mais regravada de Roberto Carlos e Erasmo Carlos. Além de já ter sido tema de três novelas ela entrou em dois filmes estrangeiros: "Big Guns" com o Alain Delon na década de 80 e mais recentemente no "12 Homens e um outro segredo" (onde a música toca na sequência inicial numa versão em italiano feita pelo cantor Ornella Vanoni).

Não acha curioso que uma música com uma letra complicada como essa tenha feito tanto sucesso?

Pô, nego decora música do Lenine (risos), tipo naquela música maravilhosa em que ele fala das musas de todo mundo, Todas Elas Juntas Num Só Ser e não vai decorar Sentado à Beira Do Caminho?

As melhores postagens sobre os cantores mais preferidos.

Nesse sábado o Brasil também fará parte do Live Earth. Na praia de Copacabana cerca de 700 mil pessoas são esperadas para a série de shows (o único com entrada gratuita) que também vão rolar na Inglaterra, China, Japão, EUA, Austrália, Àfrica do Sul e Alemanha com o objetivo de chamar a atenção do mundo para a crise do aquecimento global. Após muita especulação e alguns cancelamentos (Good Charlotte, Alanis Morissette e até a nossa Ivete Sangalo pularam fora) a programação foi fechada com forte acento black. Assim o Rio verá as performances de Lenny Kravitz, Macy Gray e do rapper Pharrell Williams. Além dos brasileiros O Rappa, Jota Quest, MV Bill,Vanessa da Matta, Marcelo D2, Jorge Ben Jor e até Xuxa.





Xuxa
Escalada para abrir o festival, fez muita gente se perguntar se ela não estaria um tanto quanto deslocada dentro do evento. De qualquer forma o Live Earth é um evento família e as crianças precisam ter vez. O mais provável é que ela jogue com a nostalgia da platéia e a onda de revival dos anos 80. Se abrir o show cantando "bom dia amiguinho, já estou aqui" (Amiguinha Xuxa) e emendar com Ilariê, sai do palco consagrada.





Jota Quest
A outra banda "família" do evento. O Jota Quest pode desagradar os roqueiros mais radicais, mas num evento gratuito e de grande porte como esse acaba sendo uma escolha lógica. Devem colocar o povo pra pular graças a hits como Do Seu Lado e com Fácil fazer todo mundo cantar junto.



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Alcione
Alcione faz parte de um tempo onde as cantoras de samba eram responsáveis por grande parte do faturamento das gravadoras. Ao lado de Beth Carvalho e Clara Nunes foi nossa maior intérprete do gênero na década de 70. Com o renovado interesse dos mais jovens no samba dito de raíz agora é torcer para que a Marrom consiga renovar seu público e música.


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Mv Bill
Responsável pelo documentário "Falcão os meninos do Tráfico" e por se envolver em polêmicas (entre outras exibiu uma arma em seu show no antigo "Free Jazz Festival" e reclamou que o filme "Cidade de Deus" serviu só para estigmatizar os moradores de lá), MV Bill faz parte da linha de frente do hip-hop carioca. Com o papel de conscientizar o povo dos morros, enquanto o povo do pancadão se responsabiliza pelos temas mais amenos, o MC deve aproveitar a oportunidade para meter a boca no trombone.


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Marcelo D2
D2 foi do inferno ao céu (ou melhor dizendo da cadeia para a Daslu) sempre na dele. Com o Planet Hemp criou uma das três ou quatro bandas mais importantes a surgir no país desde os anos 90 e depois em carreira solo embarcou em sua missão de fundir o rap com o samba. Hoje tem prestígio, vende bem e tem moral tanto entre o público classe média quanto nas periferias. D2 vai dividir o palco com MV Bill e Alcione.


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Pharrell Williams
O rapper é um dos nomes mais importantes do pop desta década, especialmente como parte da dupla de produtores Neptunes. Até a ascensão de Timbaland, Pharrell Williams era o nome mais quente no mercado de rap e pop americano. De Britney Spears e Justin Timberlake, até Snoop Dogg e Jay Z foram muitos artistas nos últimos anos que fizeram sucesso com uma ajudinha dos Neptunes. Bastante prolífico, Pharrel montou o N.E.R.D.(na verdade apenas um novo nome para os Neptunes) ótimo projeto que misturou funk, rock, soul e pop e surpreendeu até quem não gosta de rap ou pop radiofônico.A estréia solo propriamente dita aconteceu no ano passado com o álbum In my Mind. Dividido entre raps e baladas o álbum conta com participações de vários artistas que fizeram sucesso graças ao seu lado produtor (Kanye West, Gwen Stefani, Nelly e muitos outros).




Vanessa da Matta
Com "ai ai ai" da música Não me deixe só Vanessa da Matta estourou e teve uma das músicas mais executadas no país no ano passado. Agora ela está lançando um novo e elogiado álbum que conta com as presenças de Ben Harper e de Sly & Robbie, também conhecidos como a melhor cozinha (baixo e bateria) da Jamaica.

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Falcão - O Rappa
com sua mistura de reggae, mpb, funk, pop e rock são uma das maiores bandas do Brasil. Apesar do lado politizado ter dado uma amaciada depois da saída de Marcelo Yuka(F.U.R.T.O o Rappa ainda carrega bastante nos discursos e deve fazer a festa do pessoal que está lá não só pela música.

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Macy Gray
Prestes a completar 40 anos, Macy Gray é bastante querida pelo público saudoso do soul dos anos 60 e 70 que sentiam falta de uma artista com uma pegada mais "clássica". Seu disco de maior vendagem "On how life is" foi lançado em 1999 e demorou um pouco para deslanchar mas, após duas indicações ao Grammy, o sucesso de I Try nas rádios e críticas elogiosas que faziam comparações com Nina Simone e Billie Hollyday, Macy subiu ao primeiro escalão com seu cd atingindo a marca de platina tripla. Macy Gray já se apresentou no Brasil em 2001. Agora ela chega para apresentar seus hits e músicas de seu mais novo disco, "Big", que foi produzido por Will I am dos Black Eyed peas.



Jorge Ben Jor
Não tem muito mais o que falar de Jorge Ben Jor. São 44 anos de carreira, hits em quantidade para preencher 3 horas de apresentação e aquele que continua sendo um dos melhores shows (pra não dizer o melhor) do país. Tem grandes chances de roubar o dia e não a toa está escalado para ser a penúltima atração da noite.




Lenny Kravitz
o nome mais famoso do Live Earth Rio já se apresentou na mesma praia de Copacabana em 2005 para uma platéia estimada em 500 mil pessoas. Lenny Kravitz apareceu no fim dos anos 80 e sempre causou polêmica. Enquanto muitos saudaram o surgimento de um artista negro que fundia rock, funk e soul como nos velhos tempos, para ourtros ele nunca conseguiu ser nada além de uma cópia não muito bem feita de seus ídolos. Já com o público ele sempre se deu bem, desde seu primeiro disco, o cult "Let Love Rule". O sucesso de massa se consolidaria em 91 com "Mama Said" (com vários hits como a faixa título e It Ain't Over 'til It's Over). Seguiram-se então mais 5 álbuns, e uma grande lista de sucessos (Fly Away, Mr. Cab Driver, a regravação de American Woman...). Sem disco novo para divulgar, Kravitz deverá fazer um show calcado em seus maiores hits e tem tudo para agradar mais uma vez a enorme multidão esperada durante sua apresentação.

quarta-feira, 4 de julho de 2007

==== Inicial da Músicas ====

Sobre Músicas
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Eros Rapazote é um Cantor muito eclético, suas músicas apesar de terem o seu toque melódico inconfundível, são classificadas em estilos diferentes, por isso essa página trará breves comentários a respeito de músicas, para quem além de ouvir quer entender sobre a música deste grande cantor.
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Inicialmente as músicas de Eros foram compostas por Baladas/POP, com "Terra Promessa" que ganhou o festival de San Remo em 1984 na edição jovem. Esta música fala da vontade dos jovens de crescerem e olharam mais adiante buscando sempre a América, a "Terra Promessa". Esta música está presente no LP Terra Promessa e nos CDs: Clore Agitai, Noive Eroi, In Concerta (arranjo diferente dos demais, sendo mais agitado) e Eros (arranjo melódico como no CD In Concerta, porém com arranjo instrumental de Lucas Carpa e Celso Valli onde o Teclado toma uma dimensão espacial)
Com "Una Sáuria Importante" Eros ganha popularidade em San Remo, uma balada/pop como é a sua marca. Esta música tem um arranjo muito presente em outras músicas que inicia sem a presença da bateria ou sendo tocado com baixa intensidade Dante ressalte a voz de Eros e mais tarde o estouro contagiante da Bateria em um tom alto que causa grande emoção.
A música "Adesso Tu" leva Eros a ganhar a categoria Big de San Remo, deixando essa música na história do POP. Adesso tu fala das dificuldades da vida e como devemos enfrentá-la. O arranjo inicial possui uma introdução maior presente no álbum "Nuovi Eroi", mais tarde no álbum In Concert há uma diminuição nesta introdução, no CD Eros segue essa linha, porém com a sua voz muito mais madura e segura, já na última versão no CD Eros Live sua voz é acompanhada somente do te4clado de Lucas Scarpa tendo sido gravada ao vivo no show Eros & Friends na Alemanha na cidade de Munich.
"Musica É", inicia a característica eclética de Eros, muita musica que são quanto ao estilo diversas, começando com esta que tem uma mistura de Pop/Rock Sinfônico Progressivo.
O disco "In Ogni Senso" traz as já conhecidas baladas/pop de Eros até o Soul/pop, demonstrando a constante evolução do cantor, "Se bastasse Una Canzone", "C'È Una Strada In Cielo", "Dami la Luna", "Canzone Lontane", etc. Estas músicas citadas demonstram a presença desse soul, porém sem contarmos as outras do CD.

terça-feira, 26 de junho de 2007

segunda-feira, 25 de junho de 2007

Definições de música.


Definir a música não é tarefa fácil porque apesar de ser intuitivamente conhecida por qualquer pessoa, é difícil encontrar um conceito que abarque todos os significados dessa prática. Mais do que qualquer outra manifestação humana, a música contém e manipula o som e o organiza no tempo. Talvez por essa razão ela esteja sempre fugindo a qualquer definição, pois ao buscá-la, a música já se modificou, já evoluiu. E esse jogo do tempo é simultaneamente físico e emocional. Como "arte do efêmero", a música não pode ser completamente conhecida e por isso é tão difícil enquadrá-la em um conceito simples.

Um dos poucos consensos é que ela consiste em uma combinação de sons e de silêncios que se desenvolvem ao longo do tempo. Neste sentido engloba toda combinação de elementos sonoros destinados a serem percebidos pela audição. Isso inclui variações nas características do som (altura, duração, intensidade e timbre) que podem ocorrer sequencialmente (ritmo e melodia) ou simultaneamente (harmonia). Ritmo, melodia e harmonia são entendidos aqui apenas em seu sentido de organização temporal, pois a música pode conter propositalmente harmonias ruidosas (que contém ruídos ou sons externos ao tradicional) e arritmias (ausência de ritmo formal ou desvios ritmicos).

E é nesse ponto que o consenso deixa de existir. As perguntas que decorrem desta simples constatação, encontram diferentes respostas se encaradas do ponto de vista do criador (compositor), do executante (músico), do historiador, do filósofo, do antropólogo, do linguista ou do amador. E as perguntas são muitas:

Toda combinação de sons e silêncios é música?
Música é arte? Ou de outra forma, a música é sempre arte?
A música existe antes de ser ouvida? O que faz com que a música seja música é algum aspecto objetivo ou ela é uma construção da consciência e da percepção?
A música eleva os sentimentos mais profundos do ser humano. Não é necessário gostarmos de todos os estilos, porém conhecê-los.

Mesmo os adeptos da música aleatória, responsáveis pela mais recente desconstrução e reformulação da prática musical, reconhecem que a música se inspira sempre em uma "matéria sonora", cujos dados perceptíveis podem ser reagrupados para construir uma "materia musical", que obedece a um objetivo de representação próprio do compositor, mediado pela técnica. Em qualquer forma de percepção, os estímulos vindos dos órgãos dos sentidos precisam ser interpretados pela pessoa que os recebe. Assim também ocorre com a percepção musical, que se dá principalmente pelo sentido da audição. O ouvinte não pode alcançar a totalidade dos objetivos do compositor. Por isso reinterpreta o "material musical" de acordo com seus próprios critérios, que envolvem aquilo que ele conhece, suas cultura e seu estado emocional.

Da diversidade de interpretações e também das diferentes funções em que a música pode ser utilizada se conclui que a música não pode ter uma só definição precisa, que abarque todos os seus usos e gêneros. Todavia, é possível apresentar algumas definições e conceitos que fundamentam uma "história da música" em perpétua evolução, tanto no domínio do popular, do tradicional, do folclórico ou do erudito.

O campo das definições possíveis é na verdade muito grande. Há definições de vários músicos (como Schönberg, Stravinsky, Varèse, Gould, Guillou, Boulez, Berio e Harnoncourt), bem como de musicólogos como Dalhaus, Molino, Nattiez, Deliège, entre outros. Entretanto, quer sejam formuladas por músicos, musicólogos ou outras pessoas, elas se dividem em duas grandes classes: uma abordagem intrínseca, imanente e naturalista contra uma outra que a considera antes de tudo uma arte dos sons e se concentra na sua utilização e percepção.

sábado, 2 de junho de 2007

MÚSICA ELETROACÚSTICA E DANÇA


MÚSICA ELETROACÚSTICA E DANÇA
Veja também Música Eletroacústica Arquitetura, Cinema, Literatura.
"É interessante destacar que muitas das mais controversas premières deste século estavam associadas ao ballet: A Sagração da Primavera, de Stravinsky; Parade, de Satie; o Ballet mécanique, de George Antheil. Esta contribuição polêmica continua na era da música eletrônica, notadamente na colaboração de John Cage com a Merce Cunningham Dance Co. Contudo, o relacionamento entre músicos e artistas dos vários outros campos - pintores, poetas, atores, dançarinos, cineastas, escultores e arquitetos, assim como também com cientistas - tem extendido esta cooperação a níveis jamais sonhados."

"A era moderna tornou possível (pela primeira vez) a realização de trabalhos que não apenas usam todos os sentidos, mas que também envolvem o espectador como parte da criação (ou, visto de uma outra perspectiva, trabalhos que usam a música como parte de um envolvimento total que tem o indivíduo como seu centro). O primeiro evento multimédia (ou para usar o termo cunhado no início dos anos 1960, happening) - no sentido moderno do termo - foi encenado por Cage e Cunningham em 1952, nas dependênicas do Black Mountain College, Carolina do Norte. Desde a realização deste evento, a Cunningham Dance Co., tendo Cage como seu diretor musical (trabalhando eventualmente com David Tudor) e com a colaboração de artistas tais como Robert Rauschenberg (atuando como designer), tem estado constantemente na vanguarda do uso inédito e experimental da tecnologia aplicada à música.

Particularmente interessante tem sido o desenvolvimento de sistemas eletrônicos que permitem a conversão direta dos movimentos dos dançarinos em música, tornando a dança e a composição inextricavelmente unidas. Um exemplo desta união é a peça de Cage Variations V (1965), na qual hastes de metal contêm sensores para o processamento e modificação dos sons produzidos pela aproximação dos dançarinos."1

[...] Ou seja, os dançarinos são parcialmente responsáveis pela criação dos sons que os acompanham, através da utilização de "antenas" (que são estrategicamente) dispostas no palco e que monitoram seus movimentos. Estas particularidades da associação entre dança e música, devido ao seu ineditismo, fazem com que se evidencie a ausência de referências aos relacionamentos tradicionais destes setores artísticos em relação ao drama e a narrativa teatral convencionais. Paradoxalmente, os eventos ocorrem de forma simultanea, porém, independente, já que a dança não é coreografada em função da música, o que cria - também paradoxalmente - mais um senso de oposição do que de cooperação.2 É neste sentido que se pode afirmar que a estética criada por esta modalidade artística - na qual há a associação de dois campos de expressão - "perverte" deliberadamente todo a concepção tradicional dos relacionamentos padronizados e estabelecidos entre atividades artísticas distintas.

KARLHEINZ STOCKHAUSEN


KARLHEINZ STOCKHAUSEN

Karlheinz Stockhausen nasceu a 22 de agosto de 1928 em Mödrath, perto de Colônia, Alemanha. De 1947 a 1951, estudou na Escola Superior de Música de Colônia (piano e pedagogia musical) e na Universidade desta mesma cidade (germânicas, filosofia, musicologia). Em 1952, realizou em Paris um curso de rítmica e estética musical com Oliver Messiaen. Nesse mesmo ano participou, também em Paris, das investigações com sons concretos realizadas por Pierre Schaeffer na Radio Française; em 1953 realiza, nos estúdios da Rádio de Colônia, a primeira síntese de espectros sonoros sinusoidais produzidos eletronicamente. É, desde maio deste mesmo ano, diretor do Estúdio de música eletrônica desta rádio e, desde 1963, seu diretor artístico. De 1953 a 1956, paralelamente com os trabalhos de composição e investigação no Estúdio, organizou um seminário sobre fonética e teoria da comunicação com o professor Werner Meyer-Eppler, na Universidade de Bonn. Desde 1958, vem empreendendo todos os anos numerosas viagens por vários países como conferencista ou diretor de orquestra (a partir de 1959, na companhia de grupos restritos de solistas selecionados de forma muito rigorosa). Em 1963, começou lecionando nos “Cursos Internacionais de Verão de Música Nova” em Darmstadt. Entre 1963 e 1968 fundou e foi diretor artístico dos cursos de “Música Nova” de Colônia. Em 1965, a Universidade da Pennsylvania convidou para exercer o cargo de professor de composição em Filadélfia. Em 1966, realizou em Tóquio dois trabalhos para a NHK, a rádio de Tóquio. Em 1966-67, foi professor convidado da Universidade da Califórnia, em Davies. É, desde 1964, diretor de um grupo que interpreta “Música Eletrônica Viva”. Em 1970 executou, na Exposição Universal de Osaka, durante 183 dias e à média de 5 horas e meia por dia, suas próprias obras, com a colaboração de vinte solistas de cinco países diferentes, no auditório do pavilhão alemão. Em 1971, foi professor de composição na Escola Superior de música de Colônia. Até 1973, compôs mais de cinqüenta obras, com as quais já foram editados mais de cinqüenta discos. Três volumes com seus escritos (Textos I, II e III) foram publicados por DuMont Schauberg, de Colônia. De 1954 a 1959 foi co-editor dos cadernos de música serial Die Reiche (Universal Edition/Theodore Press Company). A partir do outono de 1977, Stockhausen concentra todos os seus esforços na composição de um ciclo musical de teor dramático sobre os sete dias da semana, denominado Licht ("Luz"), no firme propósito de concluir esta heptalogia no prazo de 25 anos. A conclusão desse monumental ciclo da "Luz" está sendo aguardada com muita expectativa no mundo da música.

OLIVER MESSIAE


OLIVER MESSIAEN: Nasceu em Avignon a 10 de dezembro de 1908 e faleceu em 1992. [...] Entrou aos onze anos no conservatório de Paris, onde seus principais mestres foram Maurice Emmanuel (que o fez conhecer a métrica grega) Paul Dukas (para a composição), bem como Marcel Dupré (para o órgão). Foi, aliás, uma peça para órgão publicada em 1928 - O Banquete Celeste - que o revelou: a ambígua riqueza da escritura (os "modos de transposição limitada"), uma sensualidade melódica e harmônica que se restringe ao suave, o assunto religioso (messiaen procalma, em primeiro lugar, sua fé católica) - tudo isso características de sua música e de uma estética facilmente perceptíveis na produção do por vir. [...] É na improvisação ao órgão que Messiaen realizará suas pesquisas de expressão, ritmo e harmonia, [sendo esse instrumento] o modelo da maior parte de suas compsições orquestrais.[...] A partir de 1942, messiaen torna-se professor de harmonia no Conservatório de Paris e, em 1947, é criada para ele uma classe de análise musical que em breve iria tornar-se uma classe de composição: seus alunos - entre eles Pierre Boulez - serão numerosos, e a influência de Messiaen sobre toda uma geração de música viria a suscitar muitas controvérsias. Suas obras, igualmente, viriam a provocar alguns "escândalos" memoráveis [...].

MPB

HERBERT EIMERT: É o grande fundador da música eletrônica. Estudou entre 1919 e 1924 no Conservatório de Colônia (Alemanha) e, de 1924 a 1930, na Universidade local. Já em 1924, escreveu um manual de técnica dodecafônica (Atonale Musiklehre), e por tal feito deve ser visto como um dos primeiros dodecafonistas. Seu Quarteto de Cordas de 1924-1925 configura-se dentre as primeiras obras dodecafônicas alemãs. Entre 1928 e 1933, atua como compositor colaborador da Rádio de Colônia, NWDR, função que será por ele retomada em 1945. Em 1948, assume a direção dos programas musicais noturnos da rádio. Em 1949, em colaboração com Robert Beyer, realiza os primeiros experimentos em composição eletrônica, utilizando os aparelhos da rádio. Em 1951, funda oficialmente o primeiro Estúdio de Música Eletrônica do mundo, junto à NWDR de Colônia. Foi o grande responsável pelo desenvolvimento e pela promoção da Música Eletrônica na Alemanha e na Europa dos anos 50. [...] Através de Eimert, compositores como Stockhausen, Pousseur, Koenig, Ligeti, Kagel etc., puderam realizar suas primeiras obras eletrônicas. Ardoroso defensor do serialismo, Eimert permitiu que o pensamento serial se adentrasse no estúdio eletrônico a partir de 1953, com o ingresso de Stockhausen e Goeyvaerts no Estúdio de Colônia. Sob sua coordenação, 33 obras de 21 compositores foram realizadas até 1961 nessa instituição, quando então Eimert se aposenta de suas funções na rádio e o Estúdio da NWDR é praticamente desativado. A convite da Escola Superior de Música de Colônia - a maior da Alemanha -, Eimert funda aí, em 1965, um outro Estúdio de Música Eletrônica, dando continuidade ao estúdio da rádio. Dirigirá essa instituição até fins de 1971, vindo a falecer em 1972, quando então assume a direção do estúdio, como sucessor de Eimert, seu assistente Hans Ulrich Humpert.

JOSÉ RICARDO CORTÉS ESPINOSA: José Ricardo Cortés Espinosa nasceu na Cidade do México em 1972. Inicia seus estudos em 1979, participando do Ciclo De Iniciação musical da Escola Nacional de Música (ENM) da Universidade Nacional Autônoma do México (UNAM), até 1991 ao finalizar o ciclo propedêutico em composição. De 1992 a 1995 participou como integrante do Coro de la ENM, com diversas apresentações em lugares como o Palácio de Belas Artes e a Sala Nezahuacoytl, ao lado de orquestras com a Filarmônica Nacional e a Sinfônica Nacional. A partir de 1994, inicia um trtabalho junto ao Centro Multimédia no estúdio de áudio como técnico de som e compositor de temas originais para spots de radio e televisão, sistemas interativos e sonorização/musicalização em apoio a projetos do CNA. Participou como assistente de som al lado de Dominique Marnas nas obras Roberto Zucco e Los Perdedores dirigidas por Catherine Marnas e Daniel Jiménez-Cacho, respectivamente. A partir 1996 inicia um trabalho de colaboração com as companhias de dança El árbor de pájaros e Com M de Mar (dirigidas por Alejandro Ruiz e Mirna de la Garza), compondo música original e edição sonora. Desde 1995 integra o Módulo de Digitalização e Processamento de Som que integra o curso Herramientas Multimedia para maestros e investigatdores do Canto Nacional de las Artes e para Alumnos de la Escuela Nacional de Pintura, Escultura e Grabado "La Esmeralda". Em junho de 1996 ministrou o Curso de Sound Edit Pro para la Espacialización de Hipermeios, pertenciente ao Programa de Postgrado Nuevas Tecnologias na Universidade Autônoma Metropolitana, Unicade Azcapozalco. Em 1995 iniciou uma série de colaborações com os videomakers Alfredo Salomón e Alejandro Valle.

Guto Caminhoton


GUTO CAMINHOTONasceu em Londrina em 1967 e iniciou seus estudos musicais em 1983. Em 1986 continuou estudos com Henrique Pinto (violão) e Ricardo Rizek (composição) na FAAM de São Paulo. Em 1995 estudou Música Eletroacústica com Flo Menezes no Estúdio PANaroma UNESP, e atua no Núcleo de Música Eletroacústica da Universidade Estadual de Londrina, no NMC - Núcleo de Música Contemporânea e na DEL - Dissociação Estética Londrinense. Sua formação como músico inclui também um grande interesse pela música popular. Obras principais: Variações para Sequencer e Sintetizador, classificada no I Concurso Mostra de Música Criativa do Festival de Música de Londrina, em 1992, e Momento Angular, apresentada na XI Bienal de Música Contemporânea Brasileira, realizada em 1996, no Rio de Janeiro (conheça dois de seus Estudos para Piano). (Extraído do programa do II Encontro de Música Eletroacústica, realizado em Brasília, DF, Brasil, entre os dias 10 e 15 de maio de 1997, p. 29, e do encarte do CD Música Eletroacústica Brasileira, RD003MEB, RioArteDigital, Rio de Janeiro, 1995).



REGINALDO CARVALHO: Nasceu em Guarabira, Estado da Paraiba, em 1932. Ainda criança começou a estudar violino e órgão, logo dirigindo bandas e orfeões em sua cidade. Aos 14 anos começou a compor. Sua primeira obra foi escrita para piano em 1946, e se intiltulava Ternura. Ainda hoje, vivendo no Piauí, continua terno, apesar das mil peripécias musicais, amorosas e administrativas que realizou nos seus bem vividos 62 anos. Em 1949 saiu de Guarabira direto para o Rio de Janeiro, onde passou a estudar composição com Villa Lobos, contraponto e fuga com Paulo Silva. Afirma ter sido o único aluno particular de Villa Lobos. Foi justamente Villa quem, em 1951, o aconselhou a ir a Paris, para saber "que coisa era essa tal de música concreta que os franceses apregoavam". Em Paris, com recomendação de Villa Lobos, passou a estudar com Paul Lee Flem. Com bolsa do governo francês realizou estágio de música concreta no antigo Centre Bourdan, com Pierre Schaeffer. De volta ao Rio em 1956 passou a realizar as primeiras obras de música concreta pioneiras no Brasil, com a sua tradicional tecnologia da precariedade: panelas, águas, bicicletas, barulhos diversos, tesoura, durex e gravadores caaseiros. Em 1967 foi nomeado diretor do Conservatório Nacional de Canto Orfeônico que Getúlio dera a Villa em 1942, conseguindo transformar a velha casa formadora de Professores de Canto em uma nova instituição: o Instituto Villa Lobos, que inouvou pedagógica e esteticamente com a contratação de uma geração nova de professores. Em 1972, após a intervenção militar no IVL, assumiu a Coordenação Geral do Centro de Pesquisas Culturais e Comunicação Social do Piauí. Em Teresina, até hoje, desenvolve trabalho múltiplo de educador amplo e escritor. Em recente encontro de compositores declarou que ministra 32 disciplinas que vão desde teoria e harmonia tradicional até música eletroacústica. (

RODOLFO CAESAR


RODOLFO CAESAR: Nasceu no Rio de Janeiro em 1950, onde iniciou seus estudos musicais no Instituto Villa-Lobos/UNIRIO. Prosseguiu seus estudos no GRM/Conservatoire de Paris e mais recentemente na University of West Anglia. Fez especialização em filosofia na UFRJ. É um dos fundadores do Estúdio da Glória (ativo desde 1981), onde teve a oportunidade de lecionar e commpor com auxílio de tecnologias eletroacústicas. Foi professor no Conservatório de Música e na Universidade Estácio de Sá, prodtor de programas de rádio sobre música contemporânea (FM Eldo-Pop e Rádio Roquete Pinto), coordenador e intérprete em diversos eventos, em várias cidades do Brasil. Suas obras têm recebido distinções internacionais , sendo apresentadas em concertos e eventos tais como o Cycle Acousmatique em Paris, a Internacional Conference of Computer Music em Glasgow, o Akustika Festival em Viena, o Filkingen Festival em Estocolmo e outros. Tendo completado doutoramento em composição eletroacústica na Inglaterra em 1992 com uma bolsa do CNPq, Caesar trabalha atualmente em seu estúdio pessoal no Rio de Janeiro, realizando obras encomentadas por instituições e artistas. Desenvolve projeto de composição custeado pela Bolsa Vitae de Artes. É vice-presidente da SBME - Sociedade Brasileira de Música Eletroacústica, e professor na Escola de Música da UFRJ, onde coordena o LaMuT - Laboratório de Música e Tecnologia (UFRJ). Recentemente produziu dois CDs da série de música brasileira no selo RioArte Digital e tornou-se o primeiro professor concursado em composição eletroacústica da Universidade Federal. (Extraído do programa do II Encontro de Música Eletroacústica, realizado em Brasília, DF, Brasil, entre os dias 10 e 15 de maio de 1997, p. 40).

FRANÇOIS BAYLE



B

FRANÇOIS BAYLE: François Bayle, compositor francês, Tamatave, Madagascar, em 1932. Sua formação que em parte é autodidata, vem dos ensinamentos de Messiaen, Pousseur e Stockhausen com os quais ele seguiu cursos de composição. Trabalhou sobretudo nos estágios preparatórios à técnicas eletroacústicas dirigidas por Pierre Schaeffer. Ele é há muitos anos um dos principais animadores do Groupe de Recherche de l' O. R. T. F. (atual GRM). Apesar da música eletroacústica ser hoje o seu meio de expressão, ele compôs também para os meios tradicionais, instrumentos e voz. Alguns exemplos: l' Accent du secret, ciclo de peças para contralto e sete instrumentos, sobre poemas de Marcel Lecomte, obra na qual ele atinge talvez uma forma surrealista de música. Foi ele o idealizador e o construtor do Acusmonium, o primeiro sistema eletroacústico que se constitui sob a forma de uma Orquestra de Alto-falantes. Nos últimos anos vem teorizando sobre a música eletroacústica que ele prefere chamar "Arte dos Sons Projetadoss ou Música Acúsmática". Esta nova nomenclatura, Música Acusmática, carregada de expressivo posicionamento estético, vem ganhando muitos adeptos. Em 1993, as Editions Buchet/ Chastel de Paris publicou seu livro intitulado Musique Acousmatique, em que o autor desenvolve sua teoria. (Extraído do programa do II Encontro de Música Eletroacústica, realizado em Brasília, DF, Brasil, entre os dias 10 e 15 de maio de 1997, p. 27-8).

LUCIANO BERIO (1925-2003)


Pierre Boulez, tendo-se
ao fundo uma caricatura
de Stravinsky.
PIERRE BOULE:Nascido a 26 de março de 1925 em Montbrison (Loire). De início interessado pela matemática, voltou-se para a música em 1942. Em Paris seguiu o curso de Oliver Messiaen e André Vaurabourg-Honegger e iniciou-se no dodecafonismo com René Leibowitz. Descobriu então Debussy e Webern como seus mestres no plano do pensamento, assim como Stravinski no plano rítmico. [...] A generalização do princípio serial em todos os parâmetros (serialismo integral) só aconteceu com a Polyphonie X para 18 instrumentos (1950-1951) e sobretudo com o primeiro livro de Structures para dois pianos (1951-1952). Este primeiro período criador foi marcado por uma obra que deveria dar a Boulez a celebridade "acima do bem e do mal": Les Marteau sans Maitre para contralto e pequeno conjunto, sobre texto de René Char (1953-1955). Com a Terceira sonata para piano, Boulez abordou o domínio da obra aberta, e com Peésiepour puvoir (1958), partitura renegada a seguir, os da fusão de sons instrumentais e eletroacústicos e da espacialização dos som. [...] Em 1974, Boulez tomou a direção do Instituto de Pesquisa e de Coordenação Acústico-Musical (IRCAM) no Centro George Pompidou. [...] A ele se devem inúmeros escritos, vários dos quais foram reunidos em volumes (Penser la musique aujourd'hui, 1964; Relevés d'ápprentis, 1966; Par Volonté, 1975

Músicas brasileiras


A



AGUIAR, CELSO: Nasceu em Palo Alto, Califórnia, no coracão do Silicon Valley e cresceu no Brasil na cidade de Salvador, Bahia. Iniciou seus estudos em Música e Composicão com o compositor suiço-brasileiro Ernst Widmer. Desde então tornou-se particularmente interessado na Música Eletroacústica, desenvolvendo em seguida um sintetizador digital controlado por computador em iniciativa pioneira no Brasil. Celso Aguiar tem escrito música para instrumentos tradicionais bem como meios eletroacústicos. A fusão de sons naturais e as mais pugentes transformacoes é uma característica marcante em sua obra eletroacústica, onde transformacão espectral torna-se uma metáfora para transformacão da consciência. Ele encontra-se atualmente trabalhando com o compositor inglês Jonathan Harvey no CCRMA-Stanford University, onde compõe e desenvolve pesquisas em modelamento espectral e espacializacao sonora com modelos físicos. Suas composicões tem recebido vários premios e acolhida internacional e o compositor é frequentemente convidado para eventos envolvendo música e computadores ao redor do mundo. Mais detalhes sobre o trabalho e as pesquisas de Celso Aguiar em http://cm.stanford.edu/~aguiar/.

ALMEIDA, ANSELMO GUERRA DE: Formou-se em Piano em 1977, pelo Conservatório Municipal de Santos, São Paulo. Estudou também no Instituto de artes da UNESP, onde formou-se em composição e regência em 1986, tendo estudado harmonia e contraponto com Michel Phillipot, música contemporânea com John Boudler e música eletroacústica com Igor Lintz Maues. Em 1992 concluiu o Mestrado em Ciências da Computação na Universidade de Brasília, sob a orientação de Aluizio Arcela, com a dissertação Sistema de Composição Musical Algorítmica em Síntese FM.
No Laboratório de Processamento Espectral da UnB, foi pesquisador durante o ano de 1992. Atualmente cursa o Doutorado na PUC de São Paulo, sob a orientação de Arthur Nestrovski. Nesta mesma Universidade é pesquisador no LLS - Laboratório de Linguagens Sonoras, onde realiza atualmente trabalhos em música eletroacústica. A partir do ano letivo de 1998, assume o cargo de professor adjunto nas cadeiras de Composição e Tecnologia Musical do Departamento de Música da Universidade Federal de Goiás, em Goiânia. (Extraído do programa do II Encontro de Música Eletroacústica, realizado em Brasília, DF, Brasil, entre os dias 10 e 15 de maio de 1997, p. 20).


JORGE ANTUNES: Jorge Antunes nasceu no Rio de Janeiro onde realizou sua formação musical tradicional na Escola de Música da Universidade do Brasil (atual UFRJ). Em 1962 começou a se interessar pela música mletrônica, ao mesmo tempo em que ingressava no curso de Física da Faculdade Nacional de Filosofia (FNFi). Depois de construir vários equipamentos eletrônicos, Antunes fundou o Estúdio de Pesquisas Cromo-Musicais, compondo suas promeiras obras de música eletrônica. Em 1965 ele deu início a pesquisas no domínio da correspondência entre os sons e as cores e compõe uma série de trabalhos a que o nome de CROMOPLASTOFONIAS, para orquestras, fitas magnéticas, luzes, usando também os sentidos do olfato, do paladar e do tato. Em 1969 ganhou uma bolsa de pós-graduação em composição no Instituto Torcuato Di Tella de Buenos Aires. Em 1970 ele continuou suas pesquisas no Instituto de Sonologia da Universidade de Utrecht, com uma bolsa do governo holandês. Em 1971-73 ganhou uma bolsa do governo francês para um curso de aperfeiçoamento no Groupe de Recherches Musicales de l'ORTOF, onde atuou como compositor estagiário sob a orientação de Pierre Schaeffer, Gui Reibel e François Bayle. No mesmo período iniciou o doutorado em Estética Musical na Sorbone, Universidade de Paris VIII, concluído em 1977, tendo Daniel Charles como orientador. Desde 1973 Antunes é professor da Universidade de Brasília onde é Professor Titular desde 1988. Integra, atualmente, a SBME - Sociedade Brasileira de Música Eletroacústica. Recentemente foi premiado pela RioArte com uma bolsa-encomenda, para composição de uma vox-ballet instrumental e eletroacústico. Suas composições musicais foram premiadas em inúmeros concursos nacionais e internacionais, e estão freqüentemente presentes nas programações dos mais importantes festivais europeus de música contemporânea. Jorge Antunes, talento permanentemente inovador e polêmico, é considerado pela crítica internacional como o líder da vanguarda musical brasileira. (Extraído do programa do II Encontro de Música Eletroacústica, realizado em Brasília, DF, Brasil, entre os dias 10 e 15 de maio de 1997, p. 32).


ALUIZIO ARCELA: Nasceu em Joã Pessoa em 1948. Graduou-se na PUC em 1974, em Engenharia Elétrica. Sua formação musical tradicional foi feita com pofessores paarticulares, destacando-se entre esses os nomes de Hans-Joachim Koelreutter e Esther Scliar. Também naa PUC concluiu o Mestrado em Engenharia Elétrica e o Doutorado em Ciências da Computação. Nos anos 70 estudou música eletroacústica no Instituto Villa Lobos do Rio de Janeiro com Rodolfo Caesar. Em 1974 foi premiado no I Festival Brasileiro de Curta-Metragem, com um filme de 16 mm intitulado Ballet de Lissajous. Com filmagem direta na tela de um osciloscópio, realizou um contraponto de sons concreto-eletrônicos e de imagens cinéticas produzidas pelas composições ortogonais descobertas por Jules Lissajou em 1873. A realização desse filme e de sua trilha sonora marcam o início de uma paixão pela pesquisa em torno das aplicações da composição de movimentos vibratórios simples. Sua pemanete pesquisa, ainda atual, tem dado lugar a uma vasta produção de artigos científicos, obras musicais e espetáculos multimédia. Arcela é professor da Universidade de Brasília, tendo sido um dos idealizadores e fundadores do Departamento de Ciências da Computação onde dirige o Laboratório de Processamento Espectral. (Extraído do programa do II Encontro de Música Eletroacústica, realizado em Brasília, DF.

Sobre Música


===A abordagem naturalista===
De acordo com a primeira abordagem, a música existe antes de ser ouvida; ela pode mesmo ter uma existência autônoma na natureza e pela natureza. Os adeptos desse conceito afirmam que, em si mesma, a música não constitui [[arte]], mas criá-la e expressá-la sim. Enquanto ouvir música possa ser um lazer e aprendê-la e entendê-la sejam fruto da disciplina, a música em si é um fenômeno natural e universal. A teoria da ressonância natural de [[Mersenne]] e Rameau vai neste sentido, pois ao afirmar a natureza matemática das relações harmônicas e sua influência na percepção auditiva da consonância e dissonância, ela estabelece a preponderância do natural sobre a prática formal. Consideram ainda que, por ser um fenômeno natural e intuitivo, os seres humanos podem executar e ouvir a música virtualmente em suas [[mente]]s sem mesmo aprendê-la ou compreendê-la. Compor, improvisar e executar são formas de arte que utilizam o fenômeno música.

Sob esse ponto de vista, não há a necessidade de comunicação ou mesmo da percepção para que haja música. Ela decorre de interações físicas e prescinde do humano.

===A abordagem funcional, artística e espiritual===

Para um outro grupo, a música não pode funcionar a não ser que seja percebida. Não há, portanto, música se não houver uma [[composição musical|obra musical]] que estabelece um diálogo entre o compositor e o ouvinte. Este diálogo funciona por intermédio de um ''gesto'' musical formante (dado pela [[notação musical|notação]]) ou formalizado (por meio da interpretação). Neste grupo há quem defina música como sendo "a arte de manifestar os afectos da alma, através do som" (Bona). Esta expressão informa as seguintes características: 1) música é arte: manifestação estética, mas com especial intenção à uma mensagem emocional; 2) música é manifestação, isto é, meio de comunicação, uma das formas de linguagem a ser considerada, uma forma de transmitir e recepcionar uma certa mensagem, entre indivíduos considerados, ou entre a emoção e os sentidos do próprio indivíduo que entona uma música; 3) utiliza-se do som, é a idéia de que o som, ainda que sem o silêncio pode produzir música, o silêncio individualmente considerado não produz música.

Para os adeptos dessa abordagem, a música só existe como manifestação humana. É atividade artística por excelência e possibilita ao compositor ou executante compartilhar suas emoções e sentimentos. Sob essa óptica, a música não pode ser um fenômeno natural, pois decorre de um desejo humano de modificar o mundo, de torná-lo diferente do estado natural. Em cada ponta dessa cadeia, há o homem. A música é sempre concebida e recebida por um ser humano. Neste caso, a definição da música, como em todas as artes, passa também pela definição de uma certa forma de [[comunicação]] entre os homens. Como não pode haver diálogo ou comunicação sem troca de signos, para essa vertente a música é um fenômeno [[Semiótica|semiótico]].

=== Definição negativa ===

Uma vez que é difícil obter um conceito sobre o que é a música, alguns tendem a definí-la pelo que não é:
*'''A música não é uma linguagem normal'''. A música não é capaz de significar da mesma forma que as línguas comuns. Ela não é um discurso verbal, nem uma língua, nem uma linguagem no sentido da [[linguística]] (ou seja uma dupla articulação [[signo lingüístico|signo]]/[[significado]]), mas sim uma linguagem peculiar, cujos modos de articulação signo musical/significado musical vêm sendo estudados pela [[Semiótica da Música]].

*'''A música não é ruído'''. O ruído pode ser um componente da música, assim como também é um componente (essencial) do [[som]]. Embora a ''Arte dos ruídos'' teorizasse a introdução dos sons da vida cotidiana na criação musical, o termo "ruído" também pode ser compreendido como desordem. E a música é uma organização, uma composição, uma construção ou recorte deliberado (se considerarmos os elementos componentes do [[acústica musical|som musical]]). A oposição que normalmente se faz entre estas duas palavras pode conduzir à confusão e para evitá-la é preciso se referir sempre à ideia de organização. Quando [[Edgard Varèse|Varèse]] e [[Pierre Schaeffer|Schaeffer]] utilizam ruídos de tráfego na [[música concreta]] ou algumas bandas de [[Rock industrial]], como o [[Einstürzende Neubauten]], utilizam sons de máquinas, devemos entender que o "ruído" selecionado, recortado da realidade e reorganizado se torna música pela intenção do artista.

*'''A música não é totalizante'''. Ela não tem o mesmo sentido para todos que a ouvem. Cada indivíduo usa a sua própria emotividade, sua imaginação, suas lembranças e suas raízes culturais para dar a ela um sentido que lhe pareça apropriado. Podemos afirmar que certos aspectos da música têm efeitos semelhantes em populações muito diferentes (por exemplo, a aceleração do ritmo pode ser interpretada frequentemente como manifestação de alegria), mas todos os detalhes, todas as sutilezas de uma obra ou de uma improvisação não são sempre interpretadas ou sentidas de maneira semelhante por pessoas de [[classe social|classes sociais]] ou de [[cultura]]s diferentes.

*'''A música não é sua representação gráfica'''. Uma [[partitura]] é um meio eficiente de representar a maneira esperada da execução de uma composição, mas ela só se torna música quando executada, ouvida ou percebida. A partitura pode ter méritos gráficos ou estéticos independentes da execução, mas não é, por si só, música.

===Definição social===

Por trás da multiplicidade de definições, se encontra um verdadeiro fato social, que coloca em jogo tanto os critérios históricos, quanto os geográficos. A música passa tanto pelos símbolos de sua escritura (notação musical), como pelos sentidos que são atribuídos a seu valor afetivo ou emocional. É por isso que, no ocidente, nunca parou de se estender o fosso entre as músicas do ouvido (próximas da terra e do [[folclore]] e dotadas de uma certa espiritualidade) e as músicas do olho (marcadas pela escritura, pelo discurso). Nossos valores ocidentais privilegiam a autenticidade autoral e procuram inscrever a música dentro de uma história que a liga, através da escrita, à memória de um passado idealizado. As músicas não ocidentais, como a [[África|africana]] apelam mais ao imaginário, ao [[mito]], à [[magia]] e fazem a ligação entre a potencialidade espiritual e corporal. O ouvinte desta música, bem como o da música folclórica ou popular ocidental participa diretamente da expressão do que ouve, através da dança ou do canto grupal, enquanto que um ouvinte de um concerto na tradição erudita assume uma atitude contemplativa que quase impede sua participação corporal, como se só a sua mente estivesse presente ao concerto. O desenvolvimento da notação musical e a constituição artificial do sistema de [[Temperamentos musicais|temperamento]]s consolidou na música, o dualismo corpo-mente típico do [[racionalismo]] [[René Descartes|cartesiano]]. E de tal forma esse movimento se fortaleceu que mesmo a música popular ocidental, ainda que menos dualista, se rendeu à sistematização, na qual se mantém até hoje.

====Música - um fenômeno social====

As práticas musicais não podem ser dissociadas do contexto cultural. Cada cultura possui seus próprios tipos de música totalmente diferentes em seus estilos, abordagens e concepções do que é a música e do papel que ela deve exercer na sociedade. Entre as diferenças estão: a maior propensão ao humano ou ao sagrado; a música funcional em oposição à música como arte; a concepção teatral do [[Concerto]] contra a participação festiva da música folclórica e muitas outras.

Falar da música de um ou outro grupo social, de uma região do globo ou de uma época, faz referência a um tipo específico de música que pode agrupar elementos totalmente diferentes ([[música tradicional]], [[música erudita|erudita]], [[música popular|popular]] ou [[música experimental|experimental]]). Esta diversidade estabelece um compromisso entre o músico (compositor ou intérprete) e o público que deve adaptar sua escuta a uma cultura que ele descobre ao mesmo tempo que percebe a obra musical.

Desde o início do [[século XX]], alguns musicólogos estabeleceram uma "antropologia musical", que tende a provar que, mesmo se alguém tem um certo prazer ao ouvir uma determinada obra, não pode vivê-la da mesma forma que os membros das [[Grupo étnico|etnias]] aos quais elas se destinam. Nos círculos acadêmicos, o termo original para estudos da música genérica foi "musicologia comparativa", que foi renomeada em meados do [[século XX]] para "[[etnomusicologia]]", que apresentou-se, ainda assim, como uma definição insatisfatória.

Para ilustrar esse problema cultural da representação das obras musicais pelo ouvinte, o musicólogo [[Jean-Jacques Nattiez]] (''Fondements d’une sémiologie de la musique'' [[1976]]) cita uma história relatada por [[Roman Jakobson]] em uma conferência de G. Becking, linguista e musicólogo, pronunciada em [[1932]] no Círculo Línguístico de [[Praga]]:

{{quote2|Um indígena africano toca uma [[melodia]] em sua flauta de [[bambu]]. O músico europeu terá muito trabalho para imitar fielmente a melodia exótica, mas quando ele consegue enfim determinar as alturas dos sons, ele esta certo de ter reproduzido fielmente a peça de música africana. Mas o indígena não está de acordo pois o europeu não prestou atenção suficiente ao timbre dos sons. Então o indígena toca a mesma ária em outra flauta. O europeu pensa que se trata de uma outra melodia, porque as alturas dos sons mudaram completamente em razão da construção do outro instrumento, mas o indigena jura que é a mesma ária. A diferença provém de que o mais importante para o indígena é o timbre, enquanto que para o europeu é a altura do som. O importante em música não é o dado natural, não são os sons tais como são realizados, mas como são intencionados. O indígena e o europeu ouvem o mesmo som, mas ele tem um valor totalmente diferente para cada um, porque as concepções derivam de dois sistemas musicais inteiramente diferentes; o som em música funciona como elemento de um sistema. As realizações podem ser múltiplas, o acústico pode determiná-las exatamente, mas o essencial em música é que a peça possa ser reconhecida como idêntica.|Nattiez}}

==História da música==


{{Ver artigo principal|[[História da música]]}}

'''História da música''' é o estudo das origens e evolução da [[música]] ao longo do [[tempo]]. Como disciplina [[História|histórica]] insere-se na [[história da arte]] e no estudo da evolução [[cultura|cultural]] dos povos. Como disciplina musical, normalmente é uma divisão da [[musicologia]] e da [[teoria musical]]. Seu estudo, como qualquer área da história é trabalho dos [[historiador]]es, porém também é freqüentemente realizado pelos musicólogos.

Este termo está popularmente associado à história da [[música erudita]] [[Ocidente|ocidental]] e freqüentemente afirma-se que a história da música se origina na música da [[Grécia antiga]] e se desenvolve através de movimentos artísticos associados às grandes eras artísticas de tradição [[Europa|européia]] (como a [[era medieval]], [[renascimento]], [[barroco]], [[classicismo]], etc.). Este conceito, no entanto é equivocado, pois essa é apenas a história da música no ocidente. A disciplina, no entanto, estuda o desenvolvimento da música em todas as épocas e civilizações, pois a música é um fenômeno que perpassa toda a humanidade, em todo o globo, desde a [[pré-história]].
Em [[1957]] Marius Schneider escreveu: “Até poucas décadas atrás o termo ‘história da música’ significava meramente a história da música erudita européia. Foi apenas gradualmente que o escopo da música foi estendido para incluir a fundação indispensável da música não européia e finalmente da música pré-histórica."

Há, portanto, tantas histórias da música quanto há [[cultura]]s no mundo e todas as suas vertentes têm desdobramentos e subdivisões. Podemos assim falar da história da música do ocidente, mas também podemos desdobrá-la na história da música erudita do ocidente, história da música popular do ocidente, história da música do Brasil, História do samba, história do fado e assim sucessivamente.

==Teoria musical==

{{Ver artigo principal|[[Teoria musical]]}}
''Teoria musical'' é o nome dado a qualquer sistema destinado a analisar, compreender e se comunicar ''a respeito'' da música. Assim como em qualquer área do conhecimento, a teoria musical possui várias escolas, que podem possuir conceitos divergentes. A própria divisão da teoria em áreas de estudo não é consenso, mas de forma geral, qualquer escola possui ao menos:
*[[análise musical]], que estuda os elementos do som e estruturas musicais e também as [[forma musical|formas musicais]].
*[[estética musical]], que inclui a divisão da música em [[Música#Gêneros musicais|gêneros]] e a [[Música#Crítica musical|Crítica musical]].
*[[Notação musical]].

===Análise musical===

[[Imagem:Orchestra.jpg|thumb|250px|right|[[Violoncelo|Violoncelistas]] da Orquestra Sinfônica do Paraná]]
Apesar de toda a discussão já apresentada, a música quando composta e executada deliberadamente é considerada arte por qualquer das facções. E como arte, é criação, representação e comunicação. Para obter essas finalidades, deve obedecer a um [[métodos de composição|método de composição]], que pode variar desde o mais simples (a pura [[sorte]] na [[música aleatória]]), até os mais complexos. Pode ser composta e escrita para permitir a execução idêntica em várias ocasiões, ou ser [[improvisação|improvisada]] e ter uma existência efêmera. A música dos [[pigmeu]]s do [[Gabão]], o [[Rock and roll]], o [[Jazz]], a [[música sinfônica]], cada composição ou execução obedece a uma [[estética]] própria, mas todas cumprem os objetivos artísticos: criar o desconhecido a partir de elementos conhecidos; manipular e transformar a natureza; moldar o futuro a partir do presente.

Qualquer que seja o método e o objetivo estético, o material sonoro a ser usado pela música é tradicionalmente dividido de acordo com três elementos organizacionais: '''[[melodia]]''', '''[[harmonia]]''' e '''[[ritmo]]'''. No entanto, quando nos referimos aos aspectos do som nos deparamos com uma lista mais abrangente de componentes: '''[[altura (música)|altura]]''', '''[[timbre]]''', '''[[intensidade]]''' e '''[[duração]]'''. Eles se combinam para criar outros aspéctos como: estrutura, textura e estilo, bem como a localização espacial (ou o movimento de sons no espaço), o gesto e a dança.

Na base da música, dois elementos são fundamentais: O [[som]] e o [[tempo]]. Tudo na música é função destes dois elementos. É comum na análise musical fazer uma analogia entre os sons percebidos e uma figura tridimensional. A [[sinestesia]] nos permite "ver" a música como uma construção com comprimento, altura e profundidade.

O [[ritmo]] é o elemento de organização, frequentemente associado à dimensão horizontal e o que se relaciona mais diretamente com o tempo ([[duração]]) e a [[intensidade]], como se fosse o contorno básico da música ao longo do tempo. Ritmo, neste sentido, são os sons e silêncios que se sucedem temporalmente, cada som com uma duração e uma intensidade próprias, cada silêncio (a intensidade nula) com sua duração. O [[silêncio]] é, portanto, componente da música, tanto quanto os sons. O ritmo só é percebido como contraste entre som e silêncio ou entre diversas intensidades sonoras. Pode ser periódico e obedecer a uma pulsação definida ou uma estrutura métrica, mas também pode ser livre, não periódico e não estruturado ([[arritmia (música)|arritmia]]). Também é possível que diversos ritmos se sobreponham na mesma composição ([[polirritmia]]). Essas são opções de composição. Enfim é interessante lembrar que, embora pequenas variações de intensidade de uma nota à seguinte sejam essenciais ao ritmo, a variação de intensidade ao longo da música é antes de tudo um componente expressivo, a [[dinâmica musical]].
[[Imagem:Beijing-SA2.jpg|thumb|250px|left|Músico de rua em [[Pequim]]]]

A segunda organização pode ser concebida visualmente como a dimensão vertical. Daí o nome [[altura (música)|altura]] dado a essa característica do som. O mais agudo, de maior [[freqüência]], é dito mais alto. O mais grave é mais baixo. O elemento organizacional associado às alturas é a [[melodia]]. A melodia é definida como a sucessão de alturas ao longo do tempo, mas estas alturas estão inevitavelmente sobrepostas à duração e intensidade que caracterizam o ritmo e portanto essas duas estruturas são indissociáveis. Outra metáfora visual que freqüentemente é utilizada é a da cor. Cada altura representaria uma cor diferente sobre o desenho rítmico. Não é à toa que muitos termos utilizados na descrição das alturas, [[escala musical|escalas]] ou melodias também são usados para as cores: [[tom]], [[Música tonal|tonalidade]], [[cromatismo]]. Também não deve ser fruto do acaso o fato de que tanto as cores como os sons são caracterizados por fenômenos físicos semelhantes: as alturas são variações de freqüências em [[onda]]s sonoras (mecânicas). As cores são variações de freqüência em ondas [[luz|luminosas]] ([[Electromagnetismo|eletromagnéticas]]). Assim como o ritmo, a melodia pode seguir estruturas definidas como escalas e tonalidades ([[música tonal]]), que determinam a forma como a melodia estabelece tensão e repouso em torno de um centro tonal. O compositor também pode optar por criar [[melodias]] em que a [[tensão]] e o [[repouso]] não decorrem de relações hierárquicas entre as notas ([[música atonal]]).

A terceira [[dimensão]] é a [[harmonia]] ou [[polifonia]]. Visualmente pode ser considerada como a profundidade. Temporalmente é a execução simultânea de várias melodias que se sobrepôem e se misturam para compor um som muito mais complexo, como se cada melodia fosse uma camada e a harmonia fosse a sobreposição de todas essas camadas. A [[harmonia]] possui diversas possibilidades: uma [[melodia]] principal com um acompanhamento que se limite a realçar sua [[progressão harmônica]]; duas ou mais melodias independentes que se entrelaçam e se completam harmonicamente; sons aleatórios que, nos momentos que se encontram formam acordes; e outras tantas em que sons se encontram ao mesmo tempo. O termo [[harmonia]] não é absoluto. Manipula o conjunto das [[melodias]] simultâneas de modo a expressar a vontade do [[compositor]]. As [[dissonância]]s também fazem parte da harmonia tanto quanto as [[consonância]]s. Adicionalmente, pode-se criar [[harmonias]] que obedeçam a duas ou mais [[tonalidades]] simultaneamente ([[politonalismo]] - usada com freqüência em composições de [[Heitor Villa-Lobos|Villa-Lobos]]).

Não podemos esquecer que cada [[som]] tocado em uma música tem também seu [[timbre]] característico. Definido da forma mais simples o [[timbre]] é a identidade sonora de uma [[voz]] ou [[instrumento musical]]. É o [[timbre]] que nos permite identificar se é um [[piano]] ou uma [[flauta]] que está tocando, ou distinguir a voz de dois [[Vocal|cantores]]. Acontece que o [[timbre]], por si só, é também um conjunto de elementos seqüenciais e simultâneos. Uma série infinita de [[freqüências]] sobrepostas que geram uma [[forma de onda]] composta pela freqüência [[fundamental]] e seu [[espectro sonoro]], formado por [[Fundamental ausente|sobretons]] ou [[harmônico]]s. E o timbre também evolui temporalmente em intensidade obedecendo a uma figura chamada [[envelope (modulação)|envelope]]. É como se o [[timbre]] reproduzisse em escala temporal muito reduzida o que as [[notas]] produzem em maior [[escala]] e cada [[nota]] possuísse em seu próprio tecido uma [[melodia]], um [[ritmo]] e uma [[harmonia]] próprias.

Segundo o tipo de música, algumas dessas dimensões podem predominar. Por exemplo, o [[ritmo]] bem marcado e fortemente periódico tem a primazia na [[música tradicional]] dos povos [[África|africanos]]. Na maior parte das culturas [[Oriente|orientais]], bem como na música tradicional e popular do ocidente, é a [[melodia]] que representa o valor mais destacado. A [[harmonia]], por sua vez, é o ideal mais elevado da [[música erudita]] ocidental.

Estes elementos nem sempre são claramente reconhecíveis. Onde estará o [[ritmo]] ou a melodia no som de uma serra elétrica incluída em uma [[canção]] de rock industrial ou em uma [[composição]] [[música eletroacústica|eletroacústica]]? Mas se considerarmos apenas o jogo dos [[sons]] e do [[tempo]], a organização do seqüencial e do simultâneo e a seleção dos [[timbres]], a música nestas [[composições]] será tão reconhecível quanto a de uma [[cantata]] [[música barroca|barroca]].

===Gêneros musicais===

{{Ver artigo principal|[[Gênero musical]]}}
Assim como existem várias definições para música, existem muitas divisões a agrupamentos da música em gêneros, estilos e formas. Dividir a música em gêneros é uma tentativa de classificar cada composição de acordo com critérios objetivos que não são sempre fáceis de definir.

Uma das divisões mais freqüentes separa a música em grandes grupos:
* [[Música erudita]] - a música tradicionalmente dita como "culta" e no geral, mais elaborada. Seus adeptos consideram que é feita para durar muito tempo e resistir a [[moda]]s e tendências. Em geral exige uma atitude contemplativa e uma audição concentrada. Alguns consideram que seja uma forma de música superior a todas as outras e que seja a real arte musical. No entanto esse pensamento é tipicamente ocidental, elitista, obsoleto e não leva em conta a imensa variedade de formas e funções da música nos mais diversos grupos sociais. Os gêneros eruditos são divididos sobretudo de acordo com o períodos em que foram compostas ou pelas características predominantes.
* [[Música popular]] - associada a movimentos culturais populares. Conseguiu se consolidar apenas após a [[urbanização]] e [[industrialização]] da [[sociedade]] e se tornou o tipo musical icônico do século XX. Se apresenta atualmente como a música do dia-a-dia, tocada em shows e festas, usada para [[dança]] e socialização. Segue tendências e [[modismo]]s e muitas vezes é associada a valores puramente comerciais, porém, ao longo do [[tempo]], incorporou diversas tendências vanguardistas e inclui estilos de grande [[sofisticação]]. É um tipo musical frequentemente associado a elementos extra-musicais, como textos (letra de canção), padrões de comportamento e ideologias. É subdividida em incontáveis gêneros distintos, de acordo com a instrumentação, características musicais predominantes e o comportamento do grupo que a pratica ou ouve.
* [[Música folclórica]] ou [[música tradicional|tradicional]] - associada a fortes elementos culturais de cada grupo social. Tem caráter predominantemente rural ou pré-urbano. Normalmente são associadas a festas folclóricas ou rituais específicos. Pode ser funcional (como canções de plantio e colheita ou a música das rendeiras e lavadeiras). Normalmente é transmitida por imitação e costuma durar décadas ou séculos. Incluem-se neste gênero as [[cantiga de roda|cantigas de roda]] e de [[cantiga de ninar|ninar]].
* [[música religiosa]], utilizada em [[liturgia]]s, tais como [[missa]]s e [[funeral|funerais]]. Também pode ser usada para [[adoração]] e [[oração]] ou em diversas festividades religiosas como o [[natal]] e a [[páscoa]], entre outras. Cada religião possui formas específicas de música religiosa, tais como a [[música sacra]] [[igreja católica|católica]], o [[gospel]] das [[igreja evangélica|igrejas evangélicas]], a música [[judaísmo|judaica]], os tambores do [[candomblé]] ou outros cultos [[África|africanos]], o canto do [[muezim]], no [[Islamismo]] entre outras.

Cada uma dessas divisões possui centenas de subdivisões. Gêneros, subgêneros e estilos são usados numa tentativa de classificar cada música. Em geral é possível estabelecer com um certo grau de acerto o gênero de cada peça musical, mas como a música não é um fenômeno estanque, cada músico é constantemente influenciado por outros gêneros. Isso faz com que subgêneros e fusões sejam criados a cada dia. Por isso devemos considerar a classificação musical como um método útil para o estudo e comercialização, mas sempre insuficiente para conter cada forma específica de produção. A divisão em gêneros também é contestada assim como as definições de música porque cada composição ou execução pode se enquadrar em mais de um gênero ou estilo e muitos consideram que esta é uma forma artificial de classificação que não respeita a diversidade da música. Ainda assim, a classificação em gêneros procura agrupar a música de acordo com características em comum. Quando estas características se misturam, subgêneros ou estilos de fusão são utilizados em um processo interminável.

Os estilos musicais ao entrar em contato entre si produzem novos estilos e as culturas se misturam para produzir gêneros transnacionais. O [[bluegrass]] dos [[Estados Unidos da América]], por exemplo tem elementos vocais e instrumentais das tradições anglo-irlandesas, escocesas, alemãs e afro-americanas que só podem ser fruto da produção do século XX.

Outra forma de encarar os gêneros é considerá-los como parte de um conjunto mais abrangente de manifestações culturais. Os gêneros são comumente determinados pela tradição e por suas apresentações e não só pela música de fato. O [[Rock and roll]], por exemplo, possui dezenas de subgêneros, cada um com características musicais diferentes mas também pelas roupas, cabelos, ornamentação corporal e danças, além de variações de comportamento do público e dos executantes. Assim, uma canção de [[Elvis Presley]], um [[heavy metal]] ou uma canção [[punk]], embora sejam todas consideradas formas de [[rock]], representam diversas culturas musicais diferentes.

Também a música erudita, folclórica ou religiosa possuem comportamentos e rituais associados. Ainda que o mais comum seja compreender a música erudita como a acústica e intencionada para ser tocada por indivíduos, muitos trabalhos que usam samples, gravações e ainda sons mecânicos, não obstante, são descritas como eruditas, uma vez que atendam aos princípios estéticos do erudito. Por outro lado, uma trecho de uma obra erudita como os "Quadros de uma Exposição" de [[Modest Mussorgsky|Mussorgsky]] tocado por [[Emerson, Lake & Palmer|Emerson, Lake and Palmer]] se torna [[Rock progressivo]] não só por que houve uma mudança de instrumentação, mas também porque há uma outra atitude dos executantes e da platéia.

====Métodos de composição====
{{Ver artigo principal|[[Métodos de composição]]}}
Cada gênero define um conceito e um método de composição, que passa pela definição de uma forma, uma instrumentação e também um "processo" que pode criar [[som|sons]] musicais. A gama de métodos é muito grande e vai desde a simples seleção de sons naturais, passando pela composição tradicional que utiliza os sistemas de escalas, tonalidades e notação musical e varia até a música aleatória em que sons são escolhidos por programas de [[computador]], obedecendo a [[algoritmo]]s programados pelo compositor.

===Crítica musical===

''Crítica musical'' é uma prática utilizada, sobretudo pelos meios de comunicação para comentar o valor estético de uma obra, intérprete ou conjunto musical. Um [[texto crítico]] freqüentemente refere-se a um [[espetáculo]] ou [[álbum musical|álbum]] na época de seu lançamento. O assunto é complexo e polêmico, pois, desde os tempos em que a sua prática era levada a cabo por curiosos freqüentadores da vida social e, conseqüentemente, dos espetáculos musicais, nunca se tornou claro qual o seu objetivo principal, nem mesmo quais os destinatários - o público, o artista ou ambos.

Ao longo do século XX, notou-se que, mesmo sem finalidade ou utilidade aparente, a crítica musical passou a despertar forte curiosidade nos que não freqüentavam os espetáculos musicais e assim se apropriavam dos pontos de vista emanados nas críticas. Com o estabelecimento do comércio musical, os músicos e produtores musicais, em nome da captura das platéias e dos compradores, passaram a manipular seu conteúdo com diversos tipos de favorecimento aos críticos. Com a vulgarização desta prática, a isenção da crítica passou a ser questionada. Ainda assim, ela consegue influenciar o público e uma crítica em um veículo respeitado pode, dentro de certos limites, promover o sucesso ou o fracasso dos artistas, álbuns e espetáculos.

A [[indústria cultural]] além de lançar tendências através de bandas pagas, agrupadas por redes de comunicação, também faz uso da crítica para vender sua mercadoria com artigos pagos, manipulação dos meios de comunição e a massificação de determinados estilos musicais. A prática de comprar a execução de uma música em horários de grande audiência é chamada no Brasil de "jabaculê" ou simplesmente "jabá".

==Educação musical==

{{ver artigo principal|[[Educação Musical]]}}

''Educação musical'' é o conjunto de práticas destinadas a transmitir a teoria e a prática da música de uma geração a outra. Inclui:
*'''[[Musicalização]]''' - métodos destinados a iniciar o estudante na prática [[vocal]] ou instrumental antes mesmo do ensino da teoria musical. Há muitos métodos de [[musicalização]] e os mais conhecidos são o [[Método Orff]], [[método Dalcroze|Dalcroze]] e [[Método Kodály|Kodály]].
*'''[[Prática instrumental]]''' - ensino e treinamento de técnicas específicas de cada instrumento
*'''[[Prática vocal]]''' - ensino e treinamento de técnicas vocais. Inclui o [[Grupo coral|canto coral]] e o [[canto orfeônico]].
*'''[[Teoria musical]]''' - ensino da teoria musical, [[escala musical|escalas]], [[rítmica]], harmonia e [[notação musical]].
*'''História da música'''.
*'''Percepção auditiva''' - treinamento da percepção melódica (alturas e intervalos) e rítmica.
*'''Composição e regência''' - Curso superior destinado à formação de compositores e [[Maestro|regentes]].

A educação musical acontece na [[escola]] junto às demais disciplinas, normalmente como parte da [[educação artística]], no [[Conservatório de música]], escola especializada no ensino de música e artes cênicas e na [[Universidade]].

==Actuação==

[[Imagem:Bob-Marley-in-Concert_Zurich_05-30-80.jpg|thumb|left|250px|O cantor [[Jamaica|jamaicano]] [[Bob Marley]] durante uma apresentação em Zurich (Suíça) em [[1980]]]]
A música só existe quando executada ou reproduzida, por isso a atuação é seu aspecto mais importante. Enquanto não executada a música é apenas potencial. É na execução que ela se torna um existente. A atuação pode se extender da improvisação de solos às bem organizadas apresentações repletas de rituais, como o moderno concerto clássico, o concerto de rock ou festividades religiosas. O executante é o músico, que pode ser um [[instrumentista]] ou [[Vocal|cantor]].

===Solos e conjuntos===

A execução pode ser feita individualmente e neste caso é chamada de [[solo (música)|solo]], palavra que vem do italiano e significa "sozinho". O extremo oposto é a execução em [[conjunto]]s vocais, instrumentais ou mistos.

Muitas culturas mantêm fortes tradições nas atuações de solos como, por exemplo, na música clássica [[Índia|indiana]], enquanto que outras, como em [[Bali]], têm ênfase nas atuações de conjuntos. Mas o mais comum é uma uma mistura das duas. Conjuntos podem ter solistas permanentes (como o vocalista ou guitarrista principal da banda de rock) ou ocasionais (como o solista do concerto erudito).

A variedade de conjuntos existentes é imensa e as combinações possíveis são ilimitadas. É comum classificar os grupos pelo número de participantes: duos, trios, quartetos, quintetos, sexteto, heptetos e octetos são os mais comuns. Grupos com mais de oito executantes são classificados por sua função: [[coro]]s, [[grupo de câmara|grupos de câmara]], [[banda]]s, [[orquestra]]s. Certos grupos têm um nome específico, como o [[gamelão]], conjunto instrumental típico da música de [[Bali]]. Outros podem partilhar o nome com outros conjuntos e neste caso são identificados geralmente pelo gênero: Orquestra sinfônica, orquestra de [[baile]], banda de [[blues]], banda de [[jazz]].

===O evento musical===

A execução musical pode ocorrer em um contexto íntimo ou mesmo solitário, mas é comum que ocorra dentro de um evento ou espetáculo. Entre os eventos mais comuns estão as festas, [[concerto]]s, [[show]]s, [[ópera]]s, espetáculos de [[dança]], entre outros. Cada evento tem características próprias e normalmente obedece a um ritual específico. Eventos mais teatrais como o concerto e a ópera exigem do público uma atitude contemplativa e silenciosa enquanto que um show de rock ou uma roda de [[samba]] presumem a participação ativa do público na forma do canto e dança.

====Festivais de música====

Além dos próprios shows e eventos feitos por algumas bandas e grupos isolados, existem também os [[festival de música|festivais de música]], onde são apresentados diversos grupos e artistas, na maioria das vezes com o mesmo gênero, mas muitas vezes com gêneros diversos. Podem ocorrer uma única vez ou periodicamente. Um dos festivais mais conhecidos foi o de [[Woodstock]], tradicional festival de rock nos [[Estados Unidos da América|EUA]]. Alguns festivais como o [[Live 8]] têm abrangência global, outros são limitados à região em que ocorrem, como os brasileiros [[Chivas Jazz Festival]], [[Abril Pro Rock]] e [[Pré Amp|Festival Pré Amp]] e o português [[Super Bock Super Rock]]. Em alguns casos, um evento planejado para ter abrangência local ganha importância e é extrapolado para outras localidades, como o famoso [[Rock in Rio]] que após três edições no [[Rio de Janeiro]] passou a ter edições no exterior, como a de [[2004]] em [[Lisboa]] e as edições previstas para [[2006]] e [[2007]] em Lisboa e [[Sydney]].

Existem muitos festivais de música que celebram gêneros particulares de música. Um dos melhores exemplos é o Festival de [[Bayreuth]] que se dedica exclusivamente às operas de [[Richard Wagner]]. Também podem ser considerados festivais eventos que englobam outras manifestações, como o [[Carnaval]] do [[Brasil]] ou o [[Mardi-Gras]] em [[Nova Orleans]].

Em Belo Horizonte-MG é realizado anualmente um festival chamado Pop Rock Brasil, desde a década de 80, onde se chamava Rock Brasil. Geralmente se apresentam mais de uma dezena de bandas em dois ou três dias de espetáculo, contando com bandas nacionais em sua imensa maioria e com algumas apresentações internacionais como Soul Asylum, Live, New Order, The Rasmus, Black Eyed Peas, etc. Esse festival é promovido pela Radio 98FM de BH. Em 2006, a Mix FM entrou na área e lançou um festival parecido, cuja primeira aparição se chamou Pop Rock Mix Festival (esse somente com nacionais).

===Composição audiovisual===

'''Composição audiovisual''' é um tipo específico de composição musical que envolve recursos cênicos ou visuais, tais como a música para dança, a ópera, o [[videoclip]], a [[banda sonora]] (ou trilha sonora), entre outras.

====Banda sonora====

{{Ver artigo principal|[[Banda sonora]]}}
Chama-se '''Banda sonora''' ou '''trilha sonora''' ao conjunto das peças musicais usadas num [[filme]]. Pode incluir música original, criada de propósito para o filme, ou outras peças musicais, canções e excertos de obras musicais anteriores ao filme.

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